Setembro é um mês que me dá medo. Trinta dias de puro frio na barriga, de arrepios na espinha e pelos da nuca arrepiados. Dizem por aí que Agosto é o "mês do desgosto", mas Agosto sempre me deixou com um gosto doce na boca - gosto de chocolate quente debaixo das cobertas em um dia de inverno. Gosto de surpresa. Setembro... Setembro é quando começa a chover. É quando as notícias ruins se aproximam devagarinho, em qualquer sombra que conseguem encontrar. É quando o sol se esconde por uns dias e deixa que o inverno se despeça em grande estilo antes que a primavera tome conta dos corações inquietos. Setembro é quando a vida me pega pelos tornozelos e me vira de ponta a cabeça, até que todos os trocados caiam do meu bolso e eu comece a me sentir enjoado. Setembro é o mês das agulhadas, da falta de ar, do estômago comprimido, das visitas indesejadas. Setembro sempre foi doloroso. Setembro me dá medo. Hoje acordei com um céu azulzinho batendo em minha porta e o seu gosto ainda na minha boca - gosto doce-doce, com um quê de caramelo bem lá no fundo - e quase não me lembrei que era o primeiro dia de Setembro. Hoje fiquei deitado na cama por cinco minutos a mais, lembrando seu beijo que me tirou o ar, lembrando o sorriso que você me deu com a ponta do nariz tocando o meu, lembrando seu olhar de mulher e sua voz que me faz pensar em ondas arrebentando em uma praia deserta. Hoje é primeiro de Setembro e eu só consigo pensar em você e sorrir feito brisa mansa. É o começo do mês que mais me dá medo, e eu só quero seus dedos entre os meus, seu cheiro na minha blusa e seu abraço quentinho e apertado pra espantar os calafrios. Hoje é oficialmente Setembro, o primeiro dos meus trinta dias de azar, e tudo em que eu consigo pensar é que quero te puxar pra dentro dos meus braços e te chamar baixinho, ao pé do seu ouvido, de "meu amor".
Talvez esse Setembro seja bonito... Se você estiver comigo pra me dar sorte.
Meu amor.