Eu não escolhi ficar assim deprimido, cabisbaixo, com medo
de me aventurar. Às vezes a vida bate com força, amigo. E eu
infelizmente apanhei feio na última luta. Eu sinto que meu mundo desaba todos
os dias sobre meus ombros, e as esperanças que tento renovar a cada manhã
escorrem pelos dedos como se fossem mero capricho. Não é que eu não tenha
força, eu até tenho… Mas dá uma preguiça tão grande de carregar. De carregar
tanto desejo e tantos pensamentos. Dá medo. Medo do futuro e de tudo que vem
junto, das pessoas e seus cuidados sempre tão duvidosos. Eu não pedi nada para
ninguém. Nem mesmo amor. Auto-suficiência nunca foi meu forte, mas eu tenho
aprendido a conviver comigo. É que, certas vezes, as lágrimas se enxugam
sozinhas por falta de uma mão que dê conforto. Logo eu, que sempre precisei
tanto de tudo e de todos, me vi só. Enfiado em uma solidão tão forte que me fez
pensar. Nesses conjuntos, nos muros criados por mim mesmo, no abismo em que caí
quando esperei que as soluções partissem de outros, que não tinham nada a ver
ou pouco sabiam da minha história. História? Para falar a verdade, não sei bem
se tenho uma. E caso tenha, é inversa. Comigo tudo partiu sempre do fim,
desabando, concluindo-se antes do prefácio. Minha “história” é
um rascunho borrado nunca passado à limpo. E, sinceramente… Eu gosto que seja
assim. Dá menos trabalho, é mais simples. Eu posso a qualquer momento
modificá-la, adicionar algumas frases e encaixar outras pessoas nas linhas,
mesmo que fora de margem. Eu não escolhi ter que viver sofrendo por um
sentimento que, dia se aproxima do amor, no outro beira a morte. Não
é inconstância, é só… Dúvida. Vivo duvidando de mim mesmo e do que sou
capaz, arriscar entrou poucas vezes no meu vocabulário pobre de ações. Eu
gosto de preparar bem o terreno, mesmo que nele se faça minha própria cova.
Guardo bem cada espaço no peito, uso centímetro por centímetro da folha deste
rascunho, eu não quero deixar ninguém de fora. Minha solidão é momentânea,
amigo; dura pouco, é profunda e singela ao mesmo tempo. Por isso o “nunca”
e o “sempre” estão presentes em grande parte dos capítulos. Mexer na ferida é
um dos meus passatempos. Gosto de ficar remoendo, pensando, calculando, jogando
fora e buscando todo resquício de dor. E de tirar beleza de tudo. Até da morte,
por mais difícil que seja. Ah, “tudo” e “nada, também são frequentes entre as
linhas do meu - ou nosso - rascunho. Não tenho muito tempo para
eternidades efêmeras. Apesar de não saber aproveitar o pouco tempo que tenho
enquanto estou sóbrio longe dessa gente mesquinha. Finjo que sou tão meu o
tempo todo, mas, no fundo, a coletividade e a convivência me obriga a deixar
pedaços meus por aí. Pedaços estes que não voltam. Jogo-me em qualquer abraço
que saiba, verdadeiramente, reconhecer minha pseudo depressão. No abraço
de quem me dê um tapa na cara ao invés de me prender achando que sou frágil
demais. Não é fragilidade! É só… Tristeza. Uma tristeza que escurece a vista e
tapa o céu. Eu não escolhi ter um coração tão fraco, juro. Mas foi o
enredo que me deram para seguir
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