Aprenda a apreciar o que você tem antes que o tempo faça você apreciar o que você tinha
E nessa de não querer amar, te conheci. Quando não quis me entregar, deixei. Pensei em partir, hesitei. Parece fácil deixar de lado aquilo que supostamente faz mal, parece simples passar a borracha encima de tanta história mal resolvida, que nem faz tanto sentido, mas que deu sentido a minha vida. O que eu queria, realmente, quando afirmei ter te esquecido? Talvez manipular meu inconsciente, ou de alguma forma transformar meu coração. A verdade, a única, é que não me importo mais. Que a felicidade bata a minha porta, ou a arrebente de uma vez. Cansei de ficar do lado de fora, esperando, ansioso, por algo que nunca veio e provavelmente nunca vem. Duro? Não, duro é passar noites pensando no que ter dito quando as palavras sumiram, enquanto as lágrimas caíam. Duro é ver alguém especial nos braços de um qualquer, duro é tentar esquecer, quando fugir não depende do seu querer. Solidão não dói, e essa falta de afeto não destrói ninguém. Minha vó sempre dizia que é melhor sobrar do que faltar, então que sobre tristeza, que sobre vergonha, que transborde agonia. E que falte amor, quando este não for correspondido, que falte carinho, quando este não for merecido, que falte consolo, quando não houver sentimento. O mal de quem pensa amar, ou ama, é achar que o outro tem a obrigação de amar também, que o reflexo da sua felicidade tem de ser perfeito, e que a qualquer hora tudo vai mudar repentinamente como num estalar de dedos. Discordo, discordo de tudo. Gosto dessa mistura de sensações estranhas, de conhecer os segredos mais intímos de maneira natural, de poder rasgar os padrões de casal comum e decifrar as melhores e mais atípicas manias. Afinal, o que faço não importa. O que importa é sentir, o “ter” nunca se tem. O “ter” é ilusão de corações cegos, de ilusões desejadas e mentes ocas. De fato, sinto saudade. Mas o mal de quem ama não é sentir saudade, sentir saudade é normal. O que machuca é sentir saudade de quem não quer por não querer, mas por não tentar ao menos conhecer. O que machuca é sentir saudade de alguém que promete chegar, mas não ameaça vir. Meu erro não foi amar, amar não é erro. Erro é se perder, não achar um ponto seguro para frear e dar espaço à razão. Pensando bem, digo que amei sem ter certeza. Hora ou outra estou convicto, daqui a pouco repenso e vejo que foi um simples passa tempo. De um coração que já havia perdido tempo demais tentando achar o rumo certo.
Uma dica : Se a primeira história não deu certo? Escreva outra.