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terça-feira, 30 de abril de 2013

Alma Gêmea

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Eles se re-encontraram por acaso: O destino se distraiu por um momento e foi o que bastou para eles se re -encontrarem. Emoldurados por uma tarde quente de final de inverno do dia 11.11.11 e pelas palavras vazias de quem não entende que o silêncio fala mais do que as palavras, esbarraram no olhar um do outro na rodoviária de rio preto e congelaram o instante. Ele, um cético, louco, que não conhecia nada além do que diziam seus livros sobre a psicologia. Ela, confiante na vida e no mundo, apaixonada pelos sorrisos e ritmos que o passado deixara. Ele achou que os olhos dela tinham textura de casca de árvore e a profundidade inexplicável dos infinitos. Ela achou que os olhos dele tinham cor de avelã ou café com licor. Ela, que sempre tinha explicação pra tudo, sentiu um arrepio que não soube explicar, partindo da base da sua espinha e parando só depois de tomar seu corpo todo como uma tropa inimiga invade um forte. Ele, que não acreditava em nada, entendeu naquele olhar que já a conhecia de muitas vidas, que já a amava há muitas eras e que aquele encontro estava escrito onde quer que essas coisas sejam escritas. Ele se apaixonou. Ela preferiu não rotular, apesar de todos saberem, desde o primeiro sorriso, que aquilo era amor. Encontraram-se completamente desregulados - ele, teimoso demais; ela, sorrateira até o fim. O que nasceu foi amor, o que eles fingiram foi amizade no começo. Ela arrumou um namorado com quem cruzar as ruas de mãos dadas, alguém para cuidar dela...
Ele já havia percorrido todas as festas, beijando todas as bocas, bebendo de todas as garrafas e fumando de todos os cigarros apenas para, no fim, fingir alguma felicidade para descobrir se no final ela se importava com tudo isso - ela se importava. Eles se encontravam aos poucos... Confessaram o inconfessável, negaram o inegável, calaram o que o silêncio gritava. O tempo se desenrolava, o sol e a lua continuavam em seu implacável revezamento e eles pareciam seguir o padrão continuo do tempo - perseguiam um ao outro sem nunca poder se tocar, sem poder ficar perto, somente com a lembrança da distancia eles ficavam.. Os olhos mentiam sobre a saudade, mas os toques eram demorados demais, os sorrisos eram francos e até um pouco tristes. Eles transbordavam verdade quando se permitiam um erro calculado que lhes permitisse entrelaçar os dedos ou se olhar por tempo suficiente para que os olhos se beijassem. Todos sabiam. Eles sabiam. Ele cansou, calou, gritou, pediu, chorou, desistiu. Ela cansou, calou, gritou, negou, chorou, desistiu. Eles se encontravam em feriados, cada um de um lado do estado,e ele de malas nas mãos e voz rouça sempre...
Um dia ele a lhe beijou a boca. Ela pediu que ele lhe dissesse as horas para que ela pudesse ajustar seu relógio ao dele - aproveitaram para ajustar também passos e compassos, ritmos e tons. Encaixaram - os lábios, os corpos, as vidas, as almas, os risos. Seguiram juntos, tão juntos que viraram uma vida só. Cresceram juntos, amadureceram juntos, enfrentaram juntos, aprenderam juntos. E emprestaram tanta cor um ao outro que esqueceram como era a vida antes de se saberem amar. Almas gêmeas são assim, afinal - podem se perder por vidas inteiras, mas estão destinadas a uma eternidade no fim da busca.
Um dia ela confessou: "Eu sempre soube que era você". Ao que ele respondeu: "Eu sempre soube que você sabia". E se amaram.


(Rafaela, você é o amor da minha vida. Eu agradeço todos os dias por você estar em minha vida. Tudo valeu a pena, tudo vale a pena e tudo sempre vai valer a pena se eu tiver você comigo. Sou seu. Eternamente seu. Só seu. Eu te amo.)